RECESSO

O BLOG ENCONTRA-SE ABERTO AOS LAPSOS DE SAUDADES DE SEUS ANTIGOS MEMBROS-AMIGOS FORAGIDOS, AMADOS E MUNDIVAGANTES, OS QUAIS NÃO TEM CAPACIDADES CARDÍACAS DE ESQUECIMENTO.

sábado, 11 de julho de 2009

O comodismo é um mal parasitário;

- Post destinado à amadores;
Sempre que vou fazer algum novo post pro blog, sempre o faço inicialmente no Word, só pra ter uma noção de espaço e uma melhor visualização. Tava aqui computador do meu pai, e o Word é daqueles “moderninhos” de 2007. Resolvi fuçar e conhecer melhor o desconhecido. Fiquei impressionada, tem “Referências”, “Correspondências”, “Revisão” e isso só no menu principal. Fui além, coloquei uma marca d’água na página, consegui mudar até a cor dela, está preta com letras rosas. Olha só, descobri que dá pra colocar “Efeitos” nas letras. Dá até pra arrumar as margens da página conforme meu gosto – agora fiquei realmente impressionada, só Deus sabe quanto nervo já passei com o meu 2003 tentando desesperadamente arrumar aquelas malditas réguas.

Cada clique um mundo novo.

“Inserir Citação”, chique. Nossa, tem um dicionário de sinônimos – quem diria, não? O meu modesto 2003 não faz nem metade disso, e tem um designo bem feinho também. Pasmoso, não é? Virou tudo tão mais fácil, e simples. Não há mais trabalho nem espasmos a sofrer, só um clique, e pronto. Bendito Word 2007. Tem capas de trabalho personalizadas e “Estrutura de Tópicos”, automático assim.

Agora pronto, o meu destino e o dele estão entrelaçados, não vivo mais sem seu dicionário de sinônimos e seus balões (sim, tem balões, sabe-se lá pra que servem). Antes o que eu nem conhecia, e nem se quer queria conhecer ou me fazia sequer falta, me virou uma necessidade. E não falo só do Word ou de mim, falo de tudo e de todos. É assim que temos levado nossas vidas. A tecnologia vem e nos ensina DE NOVO como nos adaptar a ela, já que ela própria está em constante mudança, logo teremos o SuperWord 2010.

O homem se acha dono do planeta, e faz dele o que bem entende. Transforma o real em realidade. Adapta o mundo e seu ciclo de vida de acordo com suas, supostas, necessidades. O homem não se adapta à natureza, mas faz com que a mesma se adapte a ele – inúmeras ciências profundas, tantas artes inventadas e forças empregadas, abismos entulhadas, montanhas rachadas, rios tornados navegáveis, pantanais dessecados, construções monumentais, lagos cavados, e olhamos em volta, pensando sobre as verdadeiras vantagens que resultaram de tudo isso à felicidade dos seres humanos, sem perceber a tamanha cegueira que os leva cada vez mais próximos de tudo que a natureza havia tomado cuidado de afastar deles, a troco de quê? Buscar cada vez mais facilidade, como o nosso Word 2007 – o 2003 e ouso dizer que o 1998 faziam as mesmas coisas que ele, só que com mais trabalho. Todavia a verdade é que cada um deles fazia mais que perfeitamente e igualmente a sua principal função, escrever. Escrever meu post.

Já reparou que em propagandas de carros, por exemplo, a ultima coisa que falam é que ele anda? Não era isso somente que um carro deveria fazer? Te levar de um lugar a outro? Não que não que seja interessante ouvir sobre os amortecedores, os bancos de couro superespaçosos, a contração nas quatro rodas, direção hidráulica e seu design melhor que o do Paulo Coelho. Pois é, passamos todos esses anos na escola, esses 15 miseráveis anos, aprendendo a sobreviver e a conviver com esse complexo que o homem criou e a cada dia renova. Criamos coisas relativamente inúteis e que mais tarde viram necessidades do nosso dia-a-dia.

O medo de “trabalho” que o homem tem e a desesperada necessidade de nutrir seu orgulho louco (vã admiração de si mesmo) fez com que ele tentasse tornar tudo a sua volta mais acessível e fácil, adaptando tudo e todos ao redor de acordo com seus caprichos, sim, caprichos.

Buscamos comodismo, e pra isso a facilidade tem que ser uma necessidade.

Outras coisas nem sequer tornam tudo mais simples, embora se tornem necessidades mesmo assim, como câmaras-fotográficas que mudam de cor. Moda, nós a tornamos uma necessidade também.

Será esse, como dizem minhas pesquisas, o quadro moral, senão da vida humana, pelo menos das pretensões secretas do coração de todo homem civilizado?

Pois é.

-

Quero pedir desculpas por nossos posts inconstantes, mas devo dizer que estamos de férias, ocupados, viajando, ou morrendo de preguiça de escrever debaixo de nossos cobertores.

Agora, aproveitando as minhas férias, vou pra debaixo do meu cobertor, tirar meu x-bacon hot pocket da embalagem, enfiar no microondas, furar a embalagem do suco com o canudinho, sentar no sofá já com a minha pipoca de microondas do lado, ligar a TV com o controle e ver o próximo comercial da Claro e seus celular com mais de 1 GB de memória para 756352789656543 fotos e 8656343256 músicas, até a minha TV SKY avisar que está passando um filme de terror no canal seguinte. Não sejamos hipócritas, até gosto de sentir o gostinho easy que tudo isso tem – quando voltar pra casa, vejo se consigo um Word 2007 pro meu PC, afinal de contas, o comodismo é um mal parasitário.

-

Eu sei que o Dia Mundial dos Refugiados foi a um bom tempo, mas não devíamos lembrar deles só naquele dia.



By Ravena ;)


ps.: não fiz um esquema para iniciantes, nunca farei, e nem sinto falta, afinal, esse blog não foi feito para iniciantes. Talvez amadores, já que eu estou bem longe de um post profissional - de qlqer forma, desculpe pelo post descomunal.

Um comentário:

  1. Oi!

    primeira vez que estou visitando seu blog e achei mt interessante esse seu post.

    Estamos ficando cada vez mais acomodados com toda essa tecnologia, mas no final das contas.. a amamos!! rsrs

    beijos

    ResponderExcluir